No meio da multidão você é alguma coisa e está em algum lugar. Na verdade, você é mais um personagem, seu rosto mostra um sorriso, suas mãos se ocupam com um copo ou com uma garrafa, seu corpo se convulsiona em uma pista de dança esfumaçada onde pessoas se veem como vultos iluminados que aparecem e desaparem no ritmo das luzes, mas não se reconhecem, se tocam, se pegam, se usam, se deixam usar.
No meio da multidão você é parte do nada. O sorriso nasce do nada, a conversa começa e não termina, o estar entre as gentes é mais importante do que estar com as gentes.
No meio da multidão você entra em contato com sua solidão e o ser o e estar se incluem no vazio.
No meio da multidão você entende que sua solidão é sua companhia, é sua casa, é o seu lugar.
No meio da multidão você percebe a sua insignificância.
No meio da multidão você compreende que a sua solidão deve ser compartilhada, cuidada, orientada e tratada por algo maior do que você e do que os seus iguais, você sente sede e fome do que denomina-se Deus.
No meio da multidão você se encontra no "interior do seu interior", vazio e sem graça, sente a necessidade da Graça que é de graça e se assim quiser pode libertar-se do seu nada e compartilhar a solidão acompanhada com outros solitários que sorriem para o nada.
Soundtrack: Bigger than us: White lies
http://www.youtube.com/watch?v=Ts4P2vckNNE
"interior do meu interior"; lembrei vander lee. rsrsrs. beijos.
ResponderExcluirApesar da trilha sonora ser de quem era o dono dessa noite, eu também tinha pensado no Vander Lee ...
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