sexta-feira, 8 de abril de 2011

Realengo

O dia de ontem começou com o rádio-relógio me falando que alguém pegou carona no avião da presidente. No meio do dia, pouco antes do almoço, fiquei sabendo que um rapaz de seus 20 e poucos anos havia entrado em uma escola do Realengo no Rio de Janeiro e atirado nos alunos. Alguns morreram, outros ainda estão hospitalizados e os números só não são maiores porque alguns alunos conseguiram fugir e pedir ajuda a um policial militar que atingiu o rapaz atirador na perna e que logo depois se matou com um tiro na cabeça. Duas situações de invasão. É óbvio que a primeira notícia foi abafada pela segunda e ontem e hoje e pelas próximas semanas haverá um sem número de interepretações e leituras do que aconteceu. Chorei quando soube da história do Realengo. Tenho circulado por escolas públicas de São Paulo e convivido um pouco com os professores, funcionários e alunos. Já vi cenas de violência entre os alunos, que foram parar na mídia local, envolveram a Guarda Escolar e que culminaram com a expulsão/transferência dos responsáveis. As escolas que visitei têm um controle razoável dos que passam pelos portões. Alguns pulam os muros altos, mas o acesso não é tão simples. O rapaz do Realengo era ex-aluno. Entender o por quê de sua atitude ocupará várias mentes e teorias diversas serão postuladas. O Estadão de hoje diz que ele havia sido Testemunha de Jeová e que estava atualmente envolvido com o islamismo. Os grupos islâmicos brasileiros já disseram que não têm nada a ver com essa história. Muitas vozes vão tentar explicar e buscar a motivação do Wellington, o rapaz do Realengo, e outras tantas vão tentar se defender. No meio disso tudo, existem pelo menos até agora 13 mortos, outros tantos feridos, alguns em estado grave. Crianças, adolescentes, vidas novas. Alguns Wellingtons em potencial, outros tantos anônimos que seriam mais alguns brasileiros de classe média-baixa e outros tantos anônimos que talvez conseguissem ser mais que isso. Histórias que tiveram ponto final em 07 de abril de 2011 por causa de um rapaz chamado Wellington, solitário, triste, quieto, nenhum ou poucos laços. Analisar tudo isso, entender tudo isso ... algumas explicações vão se formar, mas nenhuma vai ser boa o bastante para trazer à vida aqueles todos que se foram. Meus sinceros sentimentos e minhas orações pelas famílias enlutadas.

Um comentário:

  1. Pois é, Fabi, jamais conseguiríamos explicar um fato assim. Acho que é melhor nem tentarmos, pois não se poderia alterar nada no coração de um pai ou de uma mãe enlutada. Só oferecer abraço mesmo. Como disse o Gilberto Gil, homenageando aquele bairro: "Alô, alô, Realengo; aquele abraço!"

    ResponderExcluir